O Sardoal enquanto povoado é antiquíssimo, tendo sido encontrados vestígios da presença do homem desde a pré-história em diversos locais do território, objetos esses que já manifestavam sensibilidade e preocupação com o culto.
No Sardoal, as manifestações religiosas e de fé são antigas, profundas e extremamente ricas, materializando-se no vasto património cultural material patente nas suas três igrejas e seis capelas que se concentram num curto espaço urbano.
Mas é também no património cultural imaterial, com a riqueza histórico-cultural que foi passada de geração em geração e que continua a ser preservada e celebrada com muita fé, que o Sardoal tem no Sagrado a sua identidade coletiva.
Os ciclos naturais marcam os ritmos das manifestações, tendo no Sardoal o seu início com a festa de São Sebastião a 20 de janeiro.
O ciclo quaresmal constitui o tempo litúrgico de quarenta dias que antecede a Páscoa Cristã e a prepara. Tem início na Quarta-Feira de Cinzas, imediatamente a seguir ao Carnaval, e termina com a solenidade do Domingo de Ramos. Segue-se a Semana Santa e a Tríade Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição).
No Sardoal este período é vivido intensamente, com a Procissão dos Passos do Senhor, no quarto domingo da Quaresma, a Procissão dos Ramos, no último domingo da Quaresma e a mística Procissão do Senhor da Misericórdia ou dos Fogaréus, na Quinta-Feira Santa. Na sexta-feira decorre a Procissão do Enterro do Senhor, terminando no Domingo com a Procissão da Aleluia.
A Semana Santa no Sardoal assume-se como património intrínseco da personalidade concelhia, que toda a comunidade participa e respeita, é aqui também que se manifesta uma das mais raras e originais formas de vivência deste período com as instalações de tapetes de flores no interior das capelas e igrejas. Manifestação de cariz popular, é o laço que une o Homem ao Sagrado no Sardoal.
No segundo domingo depois da Páscoa celebra-se a festa do Senhor dos Remédios, no Convento de Santa Maria da Caridade.
Cinquenta dias depois da Páscoa celebra-se o Bodo ou Espírito Santo. Sendo bianual, é uma das manifestações de forte vivência de Fé.
A dimensão social-comunitária da religiosidade no Sardoal, implicou sempre uma procura da verdade e da união deste território, dotando-o de forma indelével a sua identidade cultural.