Portugal já foi o maior produtor europeu de resina de pinheiro, tendo obtido a recolha de 140.000 toneladas em 1978. Foram precisamente as décadas de 50, 60 e 70 as que apresentam um extraordinário crescimento na atividade.
Portugal chegou a ter 64 fábricas registadas para a destilação da resina e cerca de 20.000 resineiros.
Atualmente são apenas 6 as fábricas em funcionamento.
O eixo geográfico de Sardoal, Vila de Rei, Sertã, Proença-a-Nova e Mação marca definitivamente a produção no contexto nacional. Esta região possuía a maior mancha de floresta de pinho bravo da Europa e as condições necessárias de luminosidade e temperatura exigidas para a extração da resina.
Da destilação da resina obtêm-se dois produtos: a colofónia ou pez e a terebentina ou aguarrás, sendo o preço da resina diretamente proporcional ao preço da colofónia nos mercados mundiais.
A colofónia (pez louro) é a parte sólida da resina natural de pinheiro e é constituída por ácidos resínicos, principalmente ácido abiético, sendo uma das mais importantes matérias-primas naturais da indústria química. A essência de terebentina (aguarrás) é a fração volátil da resina natural de pinheiro e é um líquido incolor com ligeiro aroma a pinho.
Em 1980, a entrada da China no mercado internacional, arrasou a indústria europeia em geral e a portuguesa em particular. Resultado desta situação, muitos industriais portugueses emigraram para o Brasil e com os seus conhecimentos sobre a atividade prosperaram, tornando Brasil o segundo maior produtor mundial de resina na atualidade.
No norte do nosso Concelho, nas décadas de 70/80, existiam cerca de 50 resineiros que laboravam em pinhais concelhios e vizinhos. A matéria-prima era destilada em Abrantes em duas unidades industriais aí existentes que empregavam, no seu conjunto, cerca de 80 funcionários.
No trajar típico regional encontramos ainda hoje vestígios deste passado recente. E em Alcaravela e Santiago de Montalegre, terras de resina e resineiros, há ainda uma forte presença desta realidade nos modos das suas gentes, sendo que praticamente em todas as casas se encontram utensílios desta atividade e há alguém que se dedicou à mesma nestas décadas.
A resinagem permite uma presença humana na floresta que mais nenhuma outra produção rural tem com a mesma intensidade. Devido às renovas são cerca de 80 horas anuais por hectare nas áreas florestais.
Coincidência, ou não, foi nos anos 80, com o abandono da resinagem, que os fogos florestais se tornaram cada vez mais assíduos e violentos.
A resinagem é uma atividade complementar de emprego no meio rural com externalidades positivas, garantindo a sustentabilidade da floresta.