Segundo o conceituado historiador sardoalense Luís Manuel Gonçalves, no seu livro “Sardoal do Passado ao Presente” (editado em 1992, pela Câmara Municipal) os leques de palha do Sardoal teriam aparecido na aldeia de Andreus, há cerca de 130/140 anos.

A sua utilidade era singela, sendo usados como abanos clássicos (mais rudimentares) para atiçar as chamas das fogueiras domésticas e dos velhos fogareiros de barro ou de ferro. Tinham a vantagem de serem feitos em casa, pelas mulheres, sem custos com matérias-primas, em épocas de grande pobreza da população rural concelhia. Estas peças requeriam apenas palha de palanco (planta parecida com aveia que existia em abundância no local) ou de centeio, acrescidas com restos de trapos, linha e agulha.

Segundo o conceituado historiador sardoalense Luís Manuel Gonçalves, no seu livro “Sardoal do Passado ao Presente” (editado em 1992, pela Câmara Municipal) os leques de palha do Sardoal teriam aparecido na aldeia de Andreus, há cerca de 130/140 anos.

A sua utilidade era singela, sendo usados como abanos clássicos (mais rudimentares) para atiçar as chamas das fogueiras domésticas e dos velhos fogareiros de barro ou de ferro. Tinham a vantagem de serem feitos em casa, pelas mulheres, sem custos com matérias-primas, em épocas de grande pobreza da população rural concelhia. Estas peças requeriam apenas palha de palanco (planta parecida com aveia que existia em abundância no local) ou de centeio, acrescidas com restos de trapos, linha e agulha.

A sua execução fora aprendida na ceifa, através das mulheres mais velhas, nos periodos de descanso. Na ocasião muitos homens e mulheres do Sardoal se deslocavam para jornadas de trabalho sazonal nas Beiras e no Alentejo. Neste contexto, os leques teriam, uma segunda utilidade, fazendo fresco às faces das trabalhadoras em tempo de sol e calor. Algumas prendiam pedaços de tecido vermelho às palhas, alimentando a superstição de que tal afastaria o diabo, espíritos e maus-olhados. O conhecimento empírico demonstrou, contudo, que esses trapinhos permitiam uma melhor deslocação do ar.

Nos dias de hoje os leques de palha possuem apenas uma função decorativa e de preservação cultural de memórias e hábitos antigos.

A artífice mais antiga dos modernos leques, de que há registos documentais, é Rita Clara, de Andreus, falecida em 1989, com 94 anos. Aprendeu esta arte em criança e as suas peças levavam entre 115 a 135 palhinhas. Os trapos coloridos com que os adornava eram-lhes oferecidos pelas costureiras da terra. Levava aproximadamente duas horas a fazer cada uma. Em 1983 vendia-os a 20 Escudos (agora 10 Cêntimos). O seu trabalho foi objecto de estudo por um grupo de investigadores ligado às escolas de Abrantes.

Outras artesãs continuaram a tradição, com destaque para Luísa de Jesus Falcão, de Andreus, e Georgina Fernandes, de Lameiras, Santiago de Montalegre. Estas peças e as respectivas executoras foram alvo de grande destaque mediático nos canais de televisão e jornais de expressão nacional, vindo daí o seu carisma e renovada valorização. Alguns leques chegaram a ser vendidos em localidades espanholas. Com o sucessivo falecimento destas decanas artesãs, o costume quase se perdeu, não fosse Célia Maria dos Santos Oliveira, natural de Valhascos, ter agarrado um projecto para a sua continuidade, em 2002. É agora a única fazedora deste tipo de artesanato feito em palha (não apenas leques, mas outras peças como Espanta Espíritos/Bruxas, Bruxas, e recriação de brinquedos antigos como Cavalo de Pau, Fisgas, Bolsas para Fisgas, etc) configurando-se como digna agente da confeção e divulgação desta parcela de património colectivo do concelho de Sardoal.

Célia aprendeu sózinha os passos e os segredos da execução, tendo elevado as suas competências e qualificações técnicas e estéticas de tal forma que já é detentora de Declaração Oficial do Município para a sua manufactura, para além de outras certificações de carácter legal ligadas à Cultura e ao Turismo. A sua projecção ampliou-se nos meios de comunicação nacionais onde é presença regular. Já participou nos principais certames de artesanato por todo o país.

Texto de Mário Jorge de Sousa