Entre o Sardoal e o Sobreiro da D.ª Maria situa-se uma fonte chamada de Fonte Velha.
Reza a lenda que no fundo da fonte existiam duas lajes: uma continha fortuna e riqueza, mas que a outra guardava a peste, a doença e a maldade.
Reza a lenda tambem que havia um rapaz de origens humildes que se apaixonara por uma rapariga duma família rica e influencial.
Os pais da menina não permitiam que estivessem juntos, pois o rapaz não tinha dinheiro nem posses à altura da sua familia.
Sabendo do ouro, num dia de Verão onde a Fonte estava seca, o rapaz desceu ao fundo, destapou uma laje, e deu com uma talha aparentemente vazia. Ao destapar a segunda, encontrou todo uma imensidão de ouro, e levou o que podia com ele para a vila.
O Sardoal, que até esse dia fora um local de harmonia, amizade e saúde, de repente tornara-se um inferno de doença, zaragata e inquietação. As pessoas estavam permanentemente irritadas, explodindo pela mínima coisa. O tempo, antes solarengo e convidativo, era agora nublado, frio e chuvoso. E como se não bastasse, cada vez mais pessoas, jovens e velhos, sucumbiam a males diversos.
A lenda não nos diz se o rapaz terá conseguido casar com a rapariga.
Mas o que nos diz é que o resto da populaçãoeventualmente descobriu que o rapaz tinha ido mexer onde não devia e, à força, fizeram com que este repusesse o que tinha roubado e tapasse ambas as lajes.
E ele assim o fez. A paz finalmente voltara ao Sardoal.
Na realidade, a verdadeira riqueza na Fonte Velha seria a água, essencial para a vida, e a pior peste é a ambição desmedida, a inveja, a avareza e a discórdia.
As lajes da Fonte Velha ainda lá estão, esperando-se que não voltem a ser mexidas.